terça-feira, 12 de outubro de 2010

NOVAS VIAS NA FACE NORTE DO BAÚ






”AMANITA MATUTINA A3 7b E3”

Antes de entrar para “mandar“ a, Amanita Matutina, eu terminei algumas vias que já tinha começado e abri 2 novas vias que saem da base Do Bau, na fase norte, que são:_ “Entre a Resina e o Sonho 6 E3”, que eu abri com o Gleyson, um aluno muito forte que quer ser um “Hard man” e a “O Beudo e o Inquilibrista 6+ E3”, que é o inicio da “Amanita Matutina” que abri em solitário e a partir do “Plato do MSP”, a via “Suck Dog”( ainda não sei o grau e que também abri em solitario), também é uma opção para se chegar no “Platô do Ciuminário”, ambas abertas somente com proteções móveis; somente a “Entre a Resina...” tem uma proteção fixa. Essas vias foram abertas em poucas horas. Ambas são vias fáceis e bastante interessantes. Aviso que nos primeiros 1O metros se cair, “dá chão”, mais são trechos fáceis.

Deixei os últimos dias para abrir a “Amanita Matutina” e foram 6 dias de muito trampo e coçação, eu já tinha visto essa linha a muito tempo e queria fazê-la e também, já faz um tempo, mas, “por falta disso e excesso daquilo”, acabou demorando mais que a lógica, mas enfim, consegui subir para terminar algumas vias e finalmente, abrir a “Amanita Matutina” .

É uma das maiores vias em extensão da Pedra do Baú, cheia de surpresas e de lances especiais e para quem gosta deste tipo de via, ela garante momentos de reflexão para alguns e de diversão para outros. Não há nada de misterioso na via, são artificiais fáceis e alguns lances serão passados em natural já nas primeiras repetições. Alguns trechos em artificiais da via irão precisar de mais tempo de estudo para poder alguém passar em natural devido ao grau de exposição e também da dificuldade. Em fim como toda via, terá sua evolução.

Em Vermelho, a "Beudo e o Inquilibrista" e em Amarelo, a "Entre o sonho e a Resina"

Para mim é difícil graduar qualquer tipo de via e acredito que os graus que posso sugerir para essa via, podem sofrer mudanças, Classifiquei a via como se fosse “A3 7b E3”, pois, como foi aberta em solitário, as dificuldades encontradas são vistas de outro prisma, tipo, “se eu cair aqui eu me fodo”; ha quem possa graduar de A2. Devido ao grau de exposição de alguns trechos da via, eu graduei de “E3”, pois existem trechos bastante expostos, com quedas em pendulo, algumas com mais de 10 metros.

A via começa, na base da Face Norte do Baú, ao lado direito da via, “Distraídos Venceremos” e em dois largos, vc chega ao platô do MSP, de onde saem outras vias independentes. A via é toda com proteção móvel e é fácil, talvez com um lance de 6+ e como toda a via com proteção móvel, ela tem seu grau de exposição e eu acredito que esse trecho, apesar de fácil, tenha um grau de exposição de E2, E3, tem que ver. Esse trecho da via ganhou o nome de “O Beudo eo Inquilibrista 6+ E3”.

A partir do platô MSP, vc tem pela frente varias vias que te levam ao “Platô do Ciuminário” e a partir daí vc tem um trecho de aproximadamente 20 metros, que eu equipei a moda esportiva, esse trecho tem um grau elevado (ainda não sei o grau sugerido); é possível mandar esses trecho em A1. A partir daí, tem um trecho exposto, uns 30metros em A3( furos e agarras), no meio deste largo tem uma fissura de meio metro onde é possível colocar boas proteções, o que é um alivio pois você sai da área de perigo, que é cair de bunda no platô a 20 metros abaixo de vc,, No final deste largo tem uma transversal a direita de uns 10 metros sem proteção, um provável sétimo grau aéreo, divertidos e espiritual, usei clif para descansar no meio do lance.

Esse é o lance,...abandonei o pêso pra traz e encarei na fé que teria agarras. Uí!...tinha.

No final deste largo, fiz meu segundo bivac, instalei meu porta ledge e passei duas noites. A próxima etapa tem 35 mts e tem um cruquix e este trecho ta protegido com proteções fixas e pode ser passado em “artificial” (A1+ E3). No final deste “largo” vem a transversal, “Sueños com Serpientes 7bE3”, a esquerda, um trecho livre e exposto. Neste momento, vc esta no meio da “Travessia do Arco”. Na conquista da “Travessia do Arco”, eu escalei da esquerda para direita e agora eu escalei da direita para a esquerda e é um lance onde não adianta fazer força, é dialogo com a sapatilha, é sola e suavidade; esse trecho é uma travessia de sétimo grau, com uns 15 metros de comprimento, sem proteção fixa e uma queda neste trecho seria bem desconcertante, pois seria um pendulo num ralador de batatas.

Terminando a transversal você chega na parada da via “Arco do Bau”. Se vc vai repetir a via em dois dias esse é um lugar bastante interessante para passar a noite, com lugares para sentar, cozinhar, organizar o equipamento e etc. Passei duas noites bem confortáveis neste lugar.
A via segue a esquerda, por cima da “Arco do Bau”, acompanhando o platô dos tetos; próximo trecho é cruzar o teto” “Bem-vindo ao Ar”. Apesar de não ser um teto cinematográfico, vc esta na parte mais proeminente da Pedra do Baú, O inicio deste aéreo largo é em A0 e a saída do teto é em buracos de clif, para a esquerda, fácil e totalmente no ar, uma parada para evitar o atrito da corda estará esperando por vc a uns 10 metros em diagonal a sua esquerda.

Agora uma transversal, para esquerda em clifs, de uns 8 metros de comprimento; no final da transversal vc encontra uma fissura fina que sobe; toca pra cima, mais uns 3 metros e vc encontra uma fissura onde é possível colocar, boas proteções e logo mais acima vc fará uma parada móvel, perfeita e segura. ...No final da transversal, enquanto eu procurava o nuts para usar, fiz um movimento errado encima do clif e o “fiadaputzs” saiu fora e cai fazendo um pendulo no ar, com uns 10 metros de corda solta, em direção ao vazio; no final da primeira ida ao espaço vc saca que tem a volta eque será com a mesma velocidade que vc foi, e que vc vai “chapar o esqueleto” na parede. No meu caso foi uma surpresa e um gozo, descobrir que não toquei na parede na volta(já estou quebrado o suficiente). Depois que vc saca que não toca na rocha, ...aí fica gostozinho ...vc fica ali ...chapado de endorfina, adrenalina e urina...balangando no ar...indo e vindo... um milhão de vezes até parar de balangar......enquanto eu ia a minha alma ficava e quando eu vinha ela passava por mim, ficamos nessa ate nos encontrar novamente... (Esse lance é bem possível em mandar em livre, apesar da queda ser cinematográfica).

Agora vc esta na parede sumital mais aérea do Bau, com uns 50 metros de extensão, com proteções moveis e com uma erosão única , esse trecho da via é literalmente um presente para quem chegou ate ai, é realmente é uma delicadeza esse largo, a rocha tem a beleza de uma escultura. A via segue a esquerda da parada e no meio deste largo, tem mais um presente; um pequeno teto para “brincar no ar”. Acredito que a dificuldade para esse largo seja “5+ E2”??, com proteções variadas e algumas delicadas. Um final digno para uma via espetacular.
A partir da ultima parada, vc pode sair a direita, caminhando para o cume ou a esquerda, escalando por mais uns 10 metros fáceis até chegar no cume. Consigo ver sua cara de felicidade ao terminar esta via.
Valeu Moçada!...um abraço, sorte e muitas escaladas.
Bito Meyer.

Colocarei os novos croquis na Web, assim que fiquem prontos e na foto de itinerários da Fase Norte, que irá ilustrar meu Blog, vc pode visualizar a localização das vias.